Na rede

segunda-feira, junho 02, 2003

Uma visita ao reino da alienação
- Os efeitos de um rápido contato com o broacasting global

Em minha estratégia de evitar a televisão, como laboratório
pessoal da hipótese de que usando apenas a web como fonte de informação
estamos alterando alguns parâmetros de configuração de nosso
aparelho cognitivo, há muito não via esta
coisa chamada Fantástico
. Foram apenas alguns instantes de exposição
à rede globo neste domingo à noite para ficar chocado com o absurdo
da nova campanha "anti-drogas", que
culpa os usuários de financiar o tráfico
. É do mesmo
naipe daquela outra campanha absurda que saiu nos EUA que tentava estigmatizar
os usuários por serem os financiadores do terrorismo
. Como pergunta
o NarcoNews, é
honesta uma estratégia direcionada a causar impacto numa sociedade fragilizada
pelo tema da violência?



"A questão das drogas é global e multidimensional.
Ela abrange temas igualmente complexos como tráfico de armas, desemprego
estrutural, falta de recursos na área de saúde e educação.
No entanto, o Estado prefere fazer vista grossa e tratar do tema de uma forma
mais simplista e burra. O governo de Fernando Henrique Cardoso, por exemplo,
não destinou verbas para educação e conscientização
do problema das drogas mas somente para repressão ao usuário,
baseado em modelo dos Estados Unidos. Infelizmente, nosso presidente atual,
Lula da Silva, continua com tal programa .


O que é preciso então? A resposta não é simples
e requer um esforço maior do que o atual, pois a busca de prazer por
meio de substâncias que alteram nosso psiquismo encontra-se na raiz
da própria história da humanidade e a sua repressão não
tem adiantado muito.


Assim sendo, faz-se necessário investir numa cidadania mais ampla
e menos coercitiva. Pois é, no mínimo, estranho que se invista
tanto em repressão e menos em cultura e educação. Afinal
o que queremos? Indivíduos conscientes de suas decisões ou miquinhos
amestrados que se contentem com Prozacs e Viagras e não questionem
porque usam tais substâncias lícitas?


Leitores, vamos abrir nossos olhos para uma questão muito mais
complexa do que a mídia e o Estado nos faz crer que é. Além
de uma melhor definição do que é droga, o que precisamos
é construir um espaço onde o trabalho não seja alienante
e nem tudo seja apenas capital. Um projeto revolucionário, mais trabalhoso
e, certamente, mais honesto."


Campanha
Brasileira Espelha-se em Modelo Gringo e Culpa Usuários pela Violência


A “Parceria Contra
Drogas
” é fiel a roteiro de Washington e ONG responsável
comprova ser uma grande farsa

Por Carola Mittrany

The Narco News Bulletin

30 de maio de 2003



Encerrando, aproveito para sugerir a todos este exercício de se abster
da tv, e tentar a Internet e suas várias ferramentas e serviços
gratuitos como fonte principal de informação e lazer. Muito interessante
os efeitos que começam a surgir logo nas primeiras semanas, uma sensação
de liberdade, de estar mais desplugado da cultura comercial e da estética
da mídia de massa. Entre inúmeras vantagens ficamos imunes às
mensagens emburrecedoras que se valem da assimetria da comunicação
broadcast para violentar o bom senso - como a desta
campanha idiota
. Isto é Ecologia
Digital
.


Na medida que vamos conhecendo o ambiente digital, mais e mais ferramentas
interessantes vão aparecendo. E por falar nisso, sugiro uma olhada no
Kartoo, uma máquina de meta-busca muito
charmosa - dica do Sílvio Meira.