O ministro das Comunicações, Miro Teixeira, foi ao Senado ontem
para anunciar a conclusão da minuta de decreto que criará o grupo
de estudo encarregado de analisar a viabilidade da TV digital brasileira. Anunciou
também o uso de tecnologia digital nas transmissões de rádio
em ondas médias (digital
AM standard - veja também: DRM:
"Why digital AM?")
o que pode ser revolucionário para o setor de radiodifusão. Mas
importante mesmo é a seguinte afirmação do Ministro, que
está hoje em matéria
do Valor (só para assinantes, agh#*):
"...o modelo de tecnologia imaginado pelo ministério não
está voltado para a TV em alta definição, mas para a
possibilidade de transformar os aparelhos de TV convencionais em instrumentos
para a "inclusão digital", com programas de computador desenvolvidos
no país."
Na mesma matéria, Miro cita a diretriz do MC
em pesquisar dentre as diversas tecnologias que compõem os subsistemas
da DTV, aquelas que são livres para o uso sem o pagamento de royalties.
Esta diretriz antenada com os princípios da Ecologia
Digital é um excelente input para a tarefa do grupo de trabalho constituído,
que é formado por 11 representantes do governo, do meio acadêmico
e do setor privado. O grupo terá também representantes dos ministérios
da Ciência e da Tecnologia, das Relações Exteriores e do
Desenvolvimento. Terão representantes também a Secretaria de Comunicação
de Governo e Gestão Estratégica, o BNDES, a Finep, e a fundação
CPqD. As universidades envolvidas terão um representante, e, pelo setor
privado, haverá dois integrantes, indicados pelos produtores de equipamento
e pelas emissoras de TV aberta.
Enquanto isso, na terra de Bush, a confusão ainda é grande em
relação ao prazo estabelecido pelo governo (veja "A
Paranóia de Hollywood") para que sejam cessadas nos EUA todas
as trasmissões analógicas até o ano de 2006 - desde que
pelo menos 85% do público americano tenha adquirido os receptores digitais.
A existência de inúmeros interesses aparentemente contraditórios
criou uma situação inusitada, onde todos os envolvidos acham que
irão perder algo.
Em
"Harry Potter
e os Prisioneiros da Transição para a TV Digital -
Uma aventura em política de telecomunicações",
por Mike Godwin da Public
Knowledge, publicado em Ecologia
Digital, temos uma interessante análise do quadro atual da questão
nos EUA, e algumas propostas mágicas de solução. A briga
entre os setores envolvidos no negócio é grande, e a análise
de cenário pode ser muito proveitosa para quem acompanha e influencia
o processo brasileiro, agora acompanhado de saudável ideologia.
Havemos de cuidar para que clichês políticos jurássicos
não coloquem o projeto da DTV do B na via do atraso, nos moldes das já
conhecidas "reservas de mercado", e sim na vanguarda da concepção
libertária da rede e seus protocolos abertos.
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