Decentralização é a palavra. Quando a Internet parecia sufocada pelo aparente fracasso da Nova Economia (um mito?), sob o ataque dos economistas conservadores do mercado, eis que surge um novo trio de Ws para recolocar o princípio básico de volta ao eixo central da revolução da web. Decentralização (veja Kevin Werbach). Mas a proposta não era esta desde o princípio? O que aconteceu no caminho?
Algumas perguntas podem ajudar-nos a compreender a questão: quais os setores da indústria sãos os "big players" da infraestrutura da rede? Tecnologia, telecomunicações e mídia, certo? E qual ideologia organizacional norteou a entrada desta turma no negócio da rede? A premissa de que poderosas estruturas centrais iriam dominar no desenvolvimeno deste espaço. Como resultado, na (a) TI empresarial tornam-se padrão os grandes servidores centrais operando com aplicações monolíticas, nas (b) telecomunicações vemos as operadoras em dificuldades por terem investido em enormes (e caras) infra-estruturas proprietárias (G3, por exemplo), e na (c) mídia vemos os proprietários de conteúdo brigando com seus clientes (chamando-os de ladrões) no intuito de aumentar o controle central sobre os canais de distribuição de conteúdo.
De acordo com este quadro, se a Nova Economia falhou foi por incapacidade destes setores da Velha Economia em compreender a dinâmica da Ecologia Digital. Ideologias centralizadoras irão falhar neste ambiente por 3 motivos: (1) dificuldade em crescer na escala que a web propõe, (2) dificuldade em se adaptar ao mundo real diferenciado, (3) dificuldade em perceber os efeitos da liberdade viabilizada pela fenômeno da web na consciência humana. A complexidade da equação "diverso + extenso + humano" inviabiliza sistemas centralizados atuando em redes na escala planetária.
A teconologia Wi-Fi (veja o timeline) talvez seja o melhor exemplo para demonstrar o que está dito acima (veja artigo NYTimes). Assim como a web, que floresceu sobre os padrões de comunicação livremente acessíveis da Internet, o padrão Wi-Fi tornou-se possível pelo fato do governo americano ter configurado uma porção de frequências de rádio para serem abertamente compartilhadas por qualquer pessoa que seguisse um conjunto simples de regras (especificação 802.11b).
Esta tecnologia revoluciona ao trazer a facilidade e omnipresença da conexão à rede em velocidades comparáveis às mais rápidas linhas de telefone digital ou cable modem, e desmonta estratégias gananciosas de operadoras que sonhavam oferecer este serviço proprietariamente.
Falaremos sobre os dois outros novos Ws
(Weblogs e Webservices) na sequência. Da análise acima fica a idéia de que o elemento que tem mantido a pressão por soluções decentralizadas é o fator humano na rede. As pessoas
vem percebendo que podem buscar novas formas de comunicar e colaborar além dos limites artificiais das organizações e da geografia, e que podem acessar a sua própria música, em seus próprios termos, da mesma forma como querem poder estar online de qualquer lugar, a qualquer hora.
" O processo de decentralização não é automático nem absoluto. O desafio é encontrar o ponto de equilíbrio - o tamanho ótimo dos grupos, os modelos viáveis e os compromissos sociais apropriados."
Kevin Werbach - (Tech's Big Challenge: Decentralization)
O importante, no âmbito da Ecologia Digital, é estarmos abertos à reorganização dos conceitos para não ficarmos falando bobagem, desperdiçando recursos, ou nos conformando com soluções limitadoras.
Decentralize, cause the Web is for the World, and it's Wide.
WWW again.
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