Na rede

sexta-feira, janeiro 17, 2003

Dos pré-socráticos à fenomenologia do século passado... chegando à arte interativa do século 21

... em busca de novas iluminações nos conceitos da Ecologia Digital.

Henri Bergson (filósofo francês falecido em 1941) escreveu:
"A consciência parece ser proporcional ao poder de escolha do ser vivo. Ilumina a zona de potencialidades que envolve o ato e preenche o intervalo entre o que é feito e o que poderia ser realizado"
Roy Ascott observa (in "Turning on Technology"):
"Para Bergson, admirado por sua reafirmação do fluxo de Heráclito (fisósofo pré-socrático), faltou apenas conhecer a dinâmica de nossa "networked hypermedia" (Internet) para completar o seu modelo da mente. Os ritmos cognitivos, os saltos e mergulhos, os hiperlinks, criando túneis de mente para mente, imagem para som, som para texto, partindo de locações reais para lugares virtuais, de pessoas nas ruas para identidades no ciberespaço - tudo isso caracteriza os desejos e ambições dos artistas capturados nesta dança tecno-sedutora da mente."
Este Roy Ascott, que muito antes do e-mail e da Internet já era famoso por propor o "abraço telemático" (Telematic Embrace), esteve por aqui como mentor do "Invenção", evento patrocinado pelo ItaúCultural em agosto de 99, onde deixou o seguinte recado:
"Para Roy Ascott a arte dos próximos 30 anos será a arte da consciência. Mas uma consciência dupla, uma mente aberta à ciberpercepção. Ascott usa o termo technoetic, que significa consciência + tecnologia. Ele engloba o antigo e o moderno, o espiritual e o artificial, o cósmico e o cultural. O corpo humano e os seres artificiais passam a ter um habitat em comum. É o desenvolvimento pós biológico. Uma troca entre o humano e o eletrônico, a moistmedia (mídia úmida). "
(Plugado, molhado e úmido: arte na beira da Net)
Mas o que chamou mesmo a atenção é que o tal Roy Ascott, diretor do CAiiA-STAR (trabalho colaborativo em artes interativas), está propondo em suas últimas palestras o surgimento de uma nova cultura planetária tecnoética, baseada em 3 "V-Realidades": a Validadal, a Virtual, e a Vegetal.
"Nosso foco é Arte, a tecnologia e a consciência, de onde uma cultura planetária tecnoética poderia emergir baseada em 3 RVs: Realidade Validada: abrangendo a tecnologia mecânica em um prosaico mundo Newtoniano; Realidade Virtual: abrangendo tecnologia digital e interativa em um mundo de imersão telemática; Realidade Vegetal: abrandendo a tecnologia das plantas psicoativas em um mundo espiritual enteogênico. Para essa finalidade, são necessárias pesquisas transdisciplinares e colaborativas para que ferramentas de aprendizado e produtividade inteiramente novas possam surgir. Em nossa busca de um paradigma interativo, CAiiA-STAR e o Planetary Collegium são as respostas iniciais para esta necessidade." (Planetary Technoetics: art, technology and consciousness.)
 Muito interessante...