Na rede

quinta-feira, novembro 28, 2002

US, and then...: Ecologia digital em imersão cognitiva na "terra da abundância"

Mas que ilustração bem sacada, hein? Uma super-metáfora do ambiente digital na temática blog.

Tive que abrir espaço para esta inspiração do Ray Vella, que está ilustrando uma matéria
sobre blogs
do NYTimes. A feminista de plantão tentou vender a idéia de que a blogosfera é machista, mas quem fez o filme foi o ilustrador...

Se alguém de vocês ainda não sabe, o conteúdo do NYT não é fechado, mas exige que se faça um cadastro. Vale à pena se registar pois, apesar da matéria sobre blogs ser muito ruim, este jornalzão é um fiel termômetro de como a grande mídia encara os temas do momento, e portanto é válido acompanhar.

By the way, para quem acomapanha o Ecologia Digital vou avisando que possivelmente estarei um pouco ausente nos próximos dias. Estou embarcando para San Francisco à noite (legal!), para encontrar amigos e participar de um evento da maior importância. Como disse no título,
trata-se também de um processo de imersão cognitiva dos conceitos da Ecologia Digital nos mecanismos e paradigmas da sociedade afluente, ou como diz meu amigo Lou Gold, compreender o que faz daquilo lá "the land of abundance".

Vou estar blogando no US, and then..., um blog de viagem experimental que pode ser visitado por quem tiver interesse em acompanhar os detalhes da jornada...

domingo, novembro 24, 2002

Ellen Feiss fala: Nossa musa quebra o silêncio em entrevista a jornal universitário


update 14/04/2007: o video do youtube substitui imagem original que ilustrava o post e se perdeu na deslinkania

Jornal Universitário da Brown University conseguiu o que Jay Leno, David Letterman e a MTV tentaram sem êxito: uma entrevista com a musa da Ecologia Digital, Ellen Feiss. Artigo da Wired no Terra complementa a informação. Para nós, finalmente fica esclarecido o mais importante - qual o tema do trabalho que o diabólico PC do pai de nossa heroína engoliu:

What was the paper about?

Ellen: "It was about Chinatown, and the formation of Chinatowns in America. I lost like three pages of it; it was terrible. It was a really, really good paper."


sexta-feira, novembro 22, 2002

Warchalking é roubo? A Nokia diz que sim...

O hobby geek preferido desde julho, o Warchalking, acaba de receber o primeiro golpe do mundo corporativo. Se ninguém tinha se manifestado até agora, é a Nokia a primeira a chiar. Veja matéria e comentários no site da BBC.

A empresa lançou um comunicado declarando que, qualquer pessoa que use serviços de rede sem a permissão da pessoa que paga por este serviço, está roubando. O comunicado surge logo após uma advertência do FBI sobre a "maluquice" wireless.

Warchalkers afirmam que estão realizando um serviço útil aos administradores de rede ao informar sobre as deficiências de segurança encontradas, e argumentam que se estivessem fazendo algo de intenção duvidosa, não estariam deixando rastros por aí. Por outro lado, se administradores de redes wireless deixam suas portas abertas em lugares públicos, não deveriam se surpreender se alguém entra para dar uma olhada. Deveriam estar agradecidos...

terça-feira, novembro 19, 2002

WWW novamente: Wi-Fi, Weblogs e Webservices renovam a utopia humanista da web

Decentralização é a palavra. Quando a Internet parecia sufocada pelo aparente fracasso da Nova Economia (um mito?), sob o ataque dos economistas conservadores do mercado, eis que surge um novo trio de Ws para recolocar o princípio básico de volta ao eixo central da revolução da web. Decentralização (veja Kevin Werbach). Mas a proposta não era esta desde o princípio? O que aconteceu no caminho?

Algumas perguntas podem ajudar-nos a compreender a questão: quais os setores da indústria sãos os "big players" da infraestrutura da rede? Tecnologia, telecomunicações e mídia, certo? E qual ideologia organizacional norteou a entrada desta turma no negócio da rede? A premissa de que poderosas estruturas centrais iriam dominar no desenvolvimeno deste espaço. Como resultado, na (a) TI empresarial tornam-se padrão os grandes servidores centrais operando com aplicações monolíticas, nas (b) telecomunicações vemos as operadoras em dificuldades por terem investido em enormes (e caras) infra-estruturas proprietárias (G3, por exemplo), e na (c) mídia vemos os proprietários de conteúdo brigando com seus clientes (chamando-os de ladrões) no intuito de aumentar o controle central sobre os canais de distribuição de conteúdo.

De acordo com este quadro, se a Nova Economia falhou foi por incapacidade destes setores da Velha Economia em compreender a dinâmica da Ecologia Digital. Ideologias centralizadoras irão falhar neste ambiente por 3 motivos: (1) dificuldade em crescer na escala que a web propõe, (2) dificuldade em se adaptar ao mundo real diferenciado, (3) dificuldade em perceber os efeitos da liberdade viabilizada pela fenômeno da web na consciência humana. A complexidade da equação "diverso + extenso + humano" inviabiliza sistemas centralizados atuando em redes na escala planetária.

A teconologia Wi-Fi (veja o timeline) talvez seja o melhor exemplo para demonstrar o que está dito acima (veja artigo NYTimes). Assim como a web, que floresceu sobre os padrões de comunicação livremente acessíveis da Internet, o padrão Wi-Fi tornou-se possível pelo fato do governo americano ter configurado uma porção de frequências de rádio para serem abertamente compartilhadas por qualquer pessoa que seguisse um conjunto simples de regras (especificação 802.11b).

Esta tecnologia revoluciona ao trazer a facilidade e omnipresença da conexão à rede em velocidades comparáveis às mais rápidas linhas de telefone digital ou cable modem, e desmonta estratégias gananciosas de operadoras que sonhavam oferecer este serviço proprietariamente.

Falaremos sobre os dois outros novos Ws
(Weblogs e Webservices) na sequência. Da análise acima fica a idéia de que o elemento que tem mantido a pressão por soluções decentralizadas é o fator humano na rede. As pessoas
vem percebendo que podem buscar novas formas de comunicar e colaborar além dos limites artificiais das organizações e da geografia, e que podem acessar a sua própria música, em seus próprios termos, da mesma forma como querem poder estar online de qualquer lugar, a qualquer hora.

" O processo de decentralização não é automático nem absoluto. O desafio é encontrar o ponto de equilíbrio - o tamanho ótimo dos grupos, os modelos viáveis e os compromissos sociais apropriados."
Kevin Werbach - (Tech's Big Challenge: Decentralization)

O importante, no âmbito da Ecologia Digital, é estarmos abertos à reorganização dos conceitos para não ficarmos falando bobagem, desperdiçando recursos, ou nos conformando com soluções limitadoras.

Decentralize, cause the Web is for the World, and it's Wide.
WWW again.

segunda-feira, novembro 18, 2002

O cumpadre cidadão João Arnolfo
Ecologista recebe título Honorário pelo ativismo ambiental em Brasília

Se
não fosse meu cumpadre, vizinho, amigo, irmão e companheiro de elocubrações
filosóficas sobre ecologias de todos os tipos, João
Arnolfo Carvalho de Oliveira
, candidato a Senador pelo PV-DF
nas últimas eleições majoritárias em Brasília,
ainda sim mereceria ser citado especialmente neste blog, na data de hoje. Já
teria conquistado a menção pela trajetória
destacada
em inúmeros ativismos e no ambiental especialmente, ainda
no tempo em que ecologia era um conceito alienígena.

Mas a significativa
cerimônia acontecida hoje pela manhã no plenário da Câmara
Legislativa do DF
, onde Arnolfo foi homenageado
com o título de Cidadão Honorário de Brasília, fez
da minha blogada pessoal uma notícia. Discursaram o senador eleito Cristóvam
Buarque
, o Deputado
Chico Floresta
(autor da moção), presidiu a mesa o chapa Rodrigo
Rollemberg
(meu candidato), e presentes estavam também representantes
do Forum das ONGs Ambientalistas do DF
(impulsionado pelo João), ativistas fardados da Patrulha
Ecológica
(João deu grande força), a turma da Comunidade
Céu do Planalto, que toca a Associação
Olhos D'Água de Proteção Ambiental - AOPA
(João
fundou), entre outros tantos grupos de ação ambiental.

Ainda
no sábado último, quando retornava do Seminário
das Rádios Comunitárias
, recebi a visita do cumpadre e filosofamos
um tanto sobre a importância dos movimentos sociais (e
outros ativismos
) se organizarem para que ocorra uma boa interlocução
na transição. E falamos sobre a Ecologia
Digital
, e sobre os mistérios da percepção humana que
ombro à ombro tantas vezes pesquisamos nas fileiras do Santo
Daime
, e mais uma vez insisti para que ele se iniciasse no mundo dos blogs.
Afinal o site da sua ONG ViaEcológica
e o jeitão de seu newsletter
já apresentam o estilo adequado - o João daria um ótimo blogueiro
ambiental. E seguimos nesta sintonia ecológica saudando o cumpadre cidadão.

domingo, novembro 17, 2002

Rádios Comunitárias na pauta: Evento da AMARC mobiliza agentes sociais por uma nova comunicação no país

O Seminário está se encerrando, e blogar offline realmente não é a "coisa real". Mas vou por aqui organizando os pensamentos ainda no clima de festa de um encontro efetivo e bem realizado. De onde estou vejo o Hudson Carlos da Rádio Favela (mais aqui) mandando ver no rap da Rádio Comunitária, acompanhado por Armando Coelho Neto, jornalista e Presidente da Federação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, que está lançando o livro "Rádio Comunitária não é crime" (Ícone Editora, tel. 11 - 3666.3095) .

A sensação que fica é que encontros deste tipo vão ser a boa onda da hora, e o entusiasmo da turma reflete a esperança que o novo governo inspira para os defensores da democratização das comunicações. Minha presença teve o objetivo de colocar a colher da Ecologia Digital neste caldo das Rádios Comunitárias, à princípio para conhecer a briga dessa turma pelo direito a comunicar, e na medida do possível apresentar as boas perspectivas do ambiente digital para o caso.

O peculiar momento político, acrescido da situação "estranha" do processo decisório do governo no setor da telecomunicação, indica que uma abrangente discussão sobre a democratização dos meios de comunicação é urgente. O programa do PT no âmbito da Comunicação Social, segundo informações no evento, está sendo formulado por Bernardo Kucinsky, o que tranqüiliza um pouco a turma. Mas a fragmentação política na abordagem a tão complexo tema indica que "as bases precisam ser ouvidas" (bordão do momento) para a definição do novo marco regulatório.

Nesta discussão tem papel de destaque o Conselho de Comunicação Social, que estava representado pela Berenice Mendes, integrante da Comissão de Trabalho do CCS e da Diretoria Executiva do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC). Ficou a idéia da AMARC (Associação Mundial de Rádios Comunitárias, promotora do evento) sugerir ao FNDC a realização de um evento abrangente que possa prover subsídios à formulação do programa de governo para o setor, assim como restabelecer o Fórum como espaço legítimo da discussão sobre a democratização da comunicação.

Mas existem questões práticas a serem atacadas, como as vozes, antenas e microfones (além de CDs, MDs, etc) ainda hoje retidos pela PF com mandatos da ANATEL, em virtude das distorções contidas na lei 9.612, que regulamenta o exercício das rádios comunitárias.

Para isso será lançada a campanha "Libertem nossos Presos", que estaremos apoiando diretamente aqui no Ecologia Digital. Formação de agentes comunicadores, advogados populares (para socorrer os comunicadores presos), e caravanas de visita entre as rádios para intercâmbio foram outras propostas surgidas em meio à animação do final da festa.

De nossa parte, a surpresa foi perceber que éramos o único notebook presente ao evento, e que apenas poucas das rádios representadas fazem alguma utilização das possibilidades da web para a integração de sua atuação. Fiquei sabendo da situação indesejável da lei que atualmente regulamenta o funcionamento das RC, que limita frequência, potência, e ainda por cima veta (!) a formação de redes.

Liberdade de rede seria o primeiro ponto onde poderíamos colocar a colher da Ecologia Digital no caldo das Rádios Comunitárias. Sugestões da comunidade?

Estaremos ligados nos resultados que irão surgir em decorrência deste evento, agradecendo o vibrante entusiasmo da Taís Ladeira da AMARC - Brasil (cérebro, motor e graça do evento) pela oportunidade de conhecer esta turma tão interessante da Rádio Magnífica (Goiânia), que também participa da seção local do Centro de Mídia Independente, da Rádio Bicuda (RJ), Rádio Muda (Campinas), Rádio Rala Coco (Brasília), TV Viva, Rádio Terra (Uberaba), etc...

Acesse os textos do Seminário aqui.

sexta-feira, novembro 15, 2002

Regulamentando a Comunicação Social Eletrônica: Rádios Comunitárias querem influir na política de CS

Hoje estou blogando diretamente do Seminário Nacional de Legislação e Direito à Comunicação: Regulamentando a Comunicação Social Eletrônica. É a minha primeira experiência de blogar um evento, e aos poucos vou me acostumando com os "detalhes" da função.

O evento reúne em Brasília representantes de 17 estados brasileiros, todos eles envolvidos de alguma forma com as rádios comunitárias e as atividades sociais relacionadas. Fiquei sabendo do Seminário pelo informativo do RITS, e confesso que me espantei pelo fato do evento não dispor de um site - apenas e-mail!

O primeiro painel do dia foi o mais interessante. O professor Murilo César Ramos, Diretor da Faculdade de Comunicação da UnB, esboçou um histórico interessante do desenvolvimento da ideologia na comunicação social no Brasil. O departamento que dirige foi criado nos anos 70, quando o enfoque era "comunicação e desenvolvimento", e esta diretriz funcional e instrumental foi, segundo ele, determinante na estruturação do curso.

O professor destaca que políticas nacionais de comunicação arrojadas foram concebidas no âmbito da UNESCO nos anos 80, resultando no Relatório McBride . A aliança neoliberal homogênica da era Reagan / Tatcher tratou de articular a saída dos EUA da UNESCO, esvaziando a discussão. Nesta época se estabelece a ideologia de CS que dá ao cidadão o direito de ser informado, mas não de informar - consumir informação, e não produzir.

O professor Murilo Ramos, que acompanha de perto o funcionamento recente do Conselho de Comunicação Social, defende que a formulação de uma real política nacional de CS carece de um marco regulatório. A dispersão e fragmentação do processo decisório entre os poderes, nas questões relativas à CS, impossibilita que o assunto seja abordado de forma integrada.

O final da apresentação trouxe uma frase forte: Toda nova tecnologia traz uma promessa civilizatória. A lógica do mercado têm pervertido estas iniciativas.

O segundo a se manifestar seguiu no mesmo nível, Márcio Iório, Coordenador do Grupo de Trabalho sobre Regulamentação das Telecomunicações e professor de direito da UnB. Iniciou demonstrando como a concepção jurídica brasileira sobre o regime público configura e determina a forma como se desenvolve o negócio da comunicação. Esta especificidade explica, por exemplo, o fato do sucesso da TV aberta no Brasil, diferentemente dos EUA.

Explicou também que o futuro governo não terá tanta autonomia para transformar a atual situação no setor, já que os contratos com empresas prestadoras delimitam direitos cuja revisão dependerá de avaliação do congresso.

Novas categorias foram incluídos recentemente, como o Serviço Multimídia regulamentado pela Anatel em 2001, e o conceito de Comunicação Social Eletrônica introduzido pela Emenda Constitucional 36. Este último, segundo o professor Márcio, cria as condições para que se evite a fragmentação e descompromisso dos atores envolvidos nestas iniciativas.

O recado principal que percebi foi de que o direito à comunicação exercido pela radiodifusão comunitária ligada a políticas públicas sociais poderá criar o ambiente necessário para que novas e mais interessantes categorias jurídicas possam aparecer.

Bem, isto foi o que eu pude captar, e os links eu faço amanhã pois agora estou bem ocupado.

quinta-feira, novembro 14, 2002

Para sua segurança
- Boicote os discos com proteção anti-cópia

A
galera do Metáfora está
agitando mais um movimento, e o dpádua que não perde tempo já
lançou até o banner (ao lado):


"Discos com proteção anti-cópia restrigem os consumidores e são uma
grande ameaça à memória da cultura nacional. Os consumidores de discos devem
dar um enfático não a estes produtos mutilados que nem ao menos podem ser chamados
de CDs. Esta é uma convocação de boicote aos produtos culturais com limitações
anti-cópia
."


Saiba mais sobre o assunto aqui. O "Tribalistas" é um dos CDs que está sendo comercializado com esta proteção. Saiba detalhes sobre o que acontece com o CD mutilado aqui.

terça-feira, novembro 12, 2002

Hollywood orgulhosamente apresenta: Movielink
- Para bom entendedor, não passa de estratégia de relações públicas

Depois de anos de desenvolvimento, cinco dos sete maiores estúdios de Hollywood (Universal,
Paramount, Sony,
Warner Bros. e MGM) estão anunciando o lançamento do Movielink, o site "oficial" de video-on-demand - certamente o de maior acervo, começando com 175 filmes. Arquivos para download custam entre US$1.99 a $4.99, expiram a validade 24 horas depois de executado pela primeira vez, podem ficar guardados em um hd por 30 dias, só irá rodar na máquina que fez o download, mas poderá ser pausado, avançado e retrocedido à vontade. Os títulos só estarão disponíveis no site 6 semanas após terem sido lançados em DVD e VHS.

O serviço está disponível apenas para os EUA, e mesmo assim exclui todos os usuários Mac (ou Mozilla, ou Opera, ou qualquer coisa que não seja Windows). Sem banda larga, nem pense em usar o serviço, e mesmo assim pode ser mais rápido ir até o vídeo clube da esquina do que "baixar" 500 Mb. A menos que você tenha seu computador ligado à TV, vais ficar pendurado na frente do seu monitor assistindo o tal filme, e a economia não é significativa em relação ao pay-per-view das operadoras a cabo. O marketing do Movielink, segundo porta-vozes, está voltado para os jovens, mas será que este público já não está bem distraído "pirateando" filmes no Kazaa na mesma semana em que são lançados?

A pergunta é: o que faz Hollywood gastar munição com um negócio para o qual à princípio não existe demanda? HudsonHawk.com, no Slate, sugere que o site e os milhões de dólares ali enterrados pelos estúdios configuram estratégia de RP para evitar a comparação com os executivos da indústria da música no seu retumbante fracasso em atualizar seu modelo de negócio às demandas do público da Internet. O principal objetivo seria demonstrar que Hollywood está disponibilizando uma alternativa legal aos cine-piratas da web.

A primeira iniciativa de video-on-demand na web foi o Intertainer, mas entre os muitos equívocos de seu modelo de negócio, além da já citada falta de demanda, estava a dependência em relação aos estúdios para o licenciamento de títulos. O site fechou recentemente, e está processando alguns dos estúdios fornecedores por suposto boicote com intenção de promover antecipadamente o Movielink. Situação típica do conceito de broadcasting mal adaptado aos princípios de funcionamento
da web.

Bem mais de acordo com a Ecologia Digital, o MovieFlix é por enquanto o único site que está conseguindo manter um negócio viável oferecendo filmes online. Disponibiliza títulos já em domínio público e produções independentes, os quais tem custo (quase) zero para o licenciamento. Isto parece indicar que, à parte do fenômeno P2P, o mercado para video-on-demand na web está mais para iniciativas de menor escala que explorem nichos de conteúdo.

quinta-feira, novembro 07, 2002

A nossa Ecologia Digital, e a outra...
- Nós defendemos o mundo novo,eles buscam refúgio da overdose de dados da web

Ao girar pesquisas no google, uma em especial me chamou a atenção, destacando um artigo sobre Ecologia Digital de Javier Castañeda, do portal Baquia.com. O autor considera que estamos "sucumbindo ante os encantos da Era da Informação", e que precisamos de defesas que nos preservem "do ruído e do stress da comunicação permanente" - por isso, afirma que a ecologia digital (dele) é extremamente necessária pois irá salvar a humanidade desta triste situação.

Mas que overdose de informação é essa? E afinal, o que realmente é a web? Dave Weinberger me socorre tão pertinentemente com este artigo que só posso traduzir (quase) na íntegra:

"Passo a maior parte do dia na web, e sabes quanto tempo gasto lidando com informação? Em um bom dia, nada. Eu leio, escrevo, me relaciono com pessoas que conheço
ou passo a conhecer, processo e-mails, evito trabalho, etc. Informação é a última coisa que tenho em mente, e portanto soa estranho que o foco do assunto seja informação quando estamos falando do real substrato da web.

É fácil entender como esta abordagem foi concebida: a Teoria da Informação reduziu a comunicação humana a sinal e ruído, como uma forma de entender matematicamente o desafio
de mover padrões de A para B. Então vieram as bases de dados que reduziram ainda mais o significado da informação, registrando-a como a correlação de dados armazenados em linhas e colunas. Informação passou a ser considerada "coisa de computador".
...
Mas qual a importância desta discussão? Talvez tenha tudo a ver com a forma como experienciamos a Internet, e assim, com o que pensamos que seja a sua real utilidade, e o que consideramos que deva ser feito com a rede. A velha idéia de que trata-se de uma "Information Highway" foi adequada para governos e corporações em um determinado momento, mas obscureceu o fato de que a web está mais para conexão do que para transferência de dados. Está mais para um espaço onde humanos pouco organizados produzem toda a sorte de coisas que podem ser realizadas com palavras, figuras e sons, do que para um local onde seres racionais estão engajados em pesquisas. E é este o motivo pelo qual a Internet é um mundo, e não apenas uma mídia. Mídias se encarregam de mover bits, bytes, fatos
e informação de A para B. Um mundo é um rico contexto, irredutível e imprevisível - provedor do espaço onde seus habitantes podem arrancar os cabelos, se inflamarem ou se apaixonarem.

A informação que aparece na web é parte do mundo da web. Mas você nunca chegará ao mundo da web começando apenas com informação.

Como você usa a web? Meramente para transferências?"

Espero que tenha ficado claro de que Ecologia Digital estamos falando.

Agradecimento à comunidade
- Testemunho da calorosa acolhida do universo do blog-ativismo

Assim como quando o Ecologia Digital foi citado pela Cora, não poderia agora deixar de destacar a receptividade da blogosfera nacional à nossa presença no ambiente.

O Hernani
Dimantas do Marketing Hacker já havia linkado uma vez destacando a definição de Ecologia Digital, e depois outra sobre o nosso artigo (Eldred vs. Ashcroft) no MetaOng que inaugurou a seção específica do tema. Desde que comecei a circular no pedaço pude perceber a importância da atuação do hdhd na mundo blog nacional, e seu papel no reconhecimento da competência brazuca pelos 'pros' da rede. Merecem destaque suas participações em projetos como o Manifesto Cluetrain, Buzzine, Metáfora, e nos power blogs Gonzo-Engaged (Marketing Muito Maluco) e Small Pieces (Para que serve a web) - diga-se de passagem, todos extremamente sintonizados com os princípios da Ecologia Digital.

Teve também muito significado ser citado nos fluxos do Daniel Pádua, a quem já havia anteriormente declarado meu reconhecimento devido à sua especial presença neste admirável espaço novo. O Blogchalking já é um fenômeno consagrado, mas o cara manda bem também em outras investidas como o GASLI (Grupo de Argumentação
para o Software Livre) que está formulando colaborativamente um guia técnico para respaldar a Bancada do Software Livre no Congresso a criar problemas para Bill Gates aqui na Microsoftlândia, e o PROVOS, que propõe ações descentralizadas de mídia tática (entre elas o ZineProvos,
em Wiki, onde já meti minha colher). É dele também o manifesto do Projeto Metáfora, e foi sua
citação
o impulso necessário para que eu pudesse me apresentar melhor à galera metafórica.

Ativismo real se conectando através do ambiente tecnologicamente determinado. Ecologia Digital.


UPDATE 26/02/2003: Felipe Fonseca define o Metáfora "para quem ainda não entendeu".