Na rede

quarta-feira, agosto 07, 2002

Parem com a privatização do conhecimento: O domínio público em perigo

O mais ameaçado e menos reconhecido bem comum em nossos dias é o domínio público de obras de criação e informações. O domínio público sempre foi concebido como um peculiar "ferro-velho" cultural, instalado na periferia da sociedade afluente. De acordo com a visão corrente, é o lugar onde o explorador de antigüidades pode encontrar inúmeras jóias culturais misturadas a livros, ilustrações e música merecidamente esquecidos.

O domínio público é geralmente visto como uma coleção estática de obras cujos direitos autorais (copyrights) e patentes expiraram, ou que não puderam ser registrados à princípio, como documentos governamentais e teorias científicas. Segundo a lei, o domínio público consiste também de objetos que não podem ser protegidos legalmente, como estórias populares, títulos, temas e fatos. O domínio público, de acordo com o senso comum, não é visto como uma fonte de muito valor criativo ou econômico.

No entanto, tem se tornado cada vez mais claro que o domínio público não é estático, marginal ou trivial. Milhões de pessoas hoje possuem seus próprios websites, utilizam software de código aberto (open source), interagem através de jogos online e sites colaborativos, e compartilham arquivos de dados livremente.

Agora que a Internet disponibilizou o poder de cada usuário tornar-se um criador, e rapidamente compartilhar informação com outros, o abrangência do domínio público tem aumentado consideravelmente. Este é o motivo para que vários especialistas nesta nova questão venham usando o termo "information commons" (comuns informacionais). Querem com isso enfatizar que a comunicação pública na era digital possui dinâmicas radicalmente novas, tornando ainda mais difícil - porém importante - preservar aberto o acesso ao compartilhamento da informação.

Para maiores e melhores informações sobre o conceito de "Information Commons", acesse o site http://www.info-commons.org/.

Pois bem! Estamos inaugurando este espaço de informações (em português) sobre a Ecologia Digital

O objetivo principal é acompanhar os movimentos e fatos que atuem direta ou indiretamente na promoção da noção de domínio público para os bens comuns da informação disponíveis no ambiente digital.

O que é Ecologia Digital?*
A Ecologia Digital trata de entender os ecossistemas informacionais. Estes são constituídos por fluxos de informação sendo processados através de mídias variadas. A informação tem passado por um amplo processo de digitalização e se transformou em recurso a ser explorado, produzido e transformado de forma semelhante aos recursos materiais.

As tecnologias da informação como meios de produção de valor estão protagonizando o papel de formatadoras das novas formas de comunicação, assim como de muitos outros aspectos da vida individual e social. Nas últimas décadas a informação tornou-se o mais importante fator de desenvolvimento cultural, social e econômico.

A Ecologia Digital busca entender a produção, distribuição, armazenagem, acessibilidade, propriedade, seleção e uso da informação em ambientes tecnologicamente determinados.

Uma questão ecológica fundamental está relacionada à preservação e a promoção do valor de uso da informação para a humanidade como um todo, e de suas propriedades não-comerciais, em oposição ao seu valor de troca. Inclue-se aqui a questão da diversidade cultural e da qualidade de vida num ambiente crescentemente baseado em informação digitalizada.

Forças econômicas e intervenções políticas ameaçam o equilíbrio do ecossistema da infosfera. Em ambos os casos, o pluralismo e variedade de expressões culturais oferecidas pelas tecnologias de informação e comunicação estarão sendo desperdiçados.

A Ecologia Digital busca preservar e promover a diversidade cultural e a qualidade de vida no ecossistema informacional.

(*) elementos desta definição podem ser consultados em World-Information.org, que tem uma seção de notícias (em inglês) especializada em Ecologia Digital.

ps: a imagem à direita não tem muito a ver com o tema, mas eu tinha que testar os recursos do blog...