Na rede

quinta-feira, janeiro 30, 2003

UOL é a face perversa da rede brazuca...
... e segue orgulhoso em ser o "Rei do Conteúdo Fechado"

By: DBTH

Baguete: UOL
cancela contrato e deixa mais de 200 provedores à míngua


Veja também: Madrugada
Infernal
e Entrevista

Da parte do UOL: UOL
expande rede e passa a atender 560 cidades



"Mais um motivo para nunca ser usuário UOL. Espero que essa
droga de empresa continue perdendo a noção da realidade e afunde
de vez. Afinal até agora ela tem se revelado mais daninha à
Internet brasileira do que qualquer coisa. Afinal, só para dar uma
palhinha, quem foi que começou com a história de conteúdo
fechado por aqui? Quer atitude menos internet do que essa?"
by: DBTH
- Veja também no IDG,
e outro update.



Não bastasse a antipática campanha
contra a internet grátis
desenvolvida há umas 2 semanas atrás,
respondida
pelo IG
(colocando
a Embratel no rolo
), o UOL continua querendo ser a "hollywood da web"
implementando estratégias predatórias que demonstram o objetivo claro de forçar uma posição
hegemônica da marca no ciberespaço nacional. Sobre a questão da internet
grátis, veja o didático artigo
de Matinas Suzuki
, presidente do IG. (e também o comentário
de Renato Cruz
, ambos no observatório).
O que não dá para entender é a
posição
da ABRANET
(Associação dos Provedores), que coloca em sua página banner
linkando para artigo
no UOL
(!?).

UPDATE: Provedores lançam Comitê Nacional em defesa do modelo gratuito
"No momento que a associação que representa os provedores é contra o acesso gratuito, nós somos o Plano B"

UPDATE 2: "Internet grátis não pode acabar", defende futuro diretor do Instituto de Tecnologia da Informação, do governo Lula - é Sérgio Amadeu no Palácio do Planalto. Será que enfim teremos cabeças pensando Internet em nosso governo eletrônico?

Que as forças lógicas da hiperconexão possam defenestrar
(ou cooptar) esta ameaça aos princípios ecológicos do ambiente
digital.

terça-feira, janeiro 28, 2003

Playstation 2 para Bush: A rede busca meios de apaziguar o "Commander in Chief"

Enquanto o mundo se prepara para ouvir o que Bush vai dizer no "State of the Union" desta noite, e os habitantes dos países que fazem parte do "eixo do mal" (axis of evil) aguardam pelas bombas que irão "corrigí-los" de seus pensamentos "malévolos", o movimento pacifista na rede marca posição com inúmeras iniciativas.
[1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8].

A campanha mais interessante, de acordo com os princípios da Ecologia Digital, é a do banner à direita, que realizou uma coleta de recursos para enviar ao sr. presidente na Casa Branca um Playstation2, acompanhado de cópias dos jogos Conflict:
Desert Storm
(caça a Saddam), e SOCOM: U.S. Navy SEALs. Os promotores da campanha não se esqueceram de mandar também um controlador extra Dual Shock 2 para o vice Cheney, e um memory card para o sr. presidente não ter que deixar o console ligado por muito tempo. Ou seja, o kit guerra completo. Veja abaixo como surgiu a inspiração para a campanha, e também uma tela do jogo 'Desert Storm'.

As I sat pondering the President's motives one day, it suddenly dawned on me that it is entirely likely our Commander in Chief has never played a single video game in his life. "Of course!" I exclaimed, startling my girlfriend, who was driving at the time. "Without the catharsis that video games provide, Bush has no way of fulfilling his militaristic fantasies other than actually fighting wars."
Mikel Reparaz - Buy Bush a PlayStation 2 Campaign

UPDATE: a turma dos DJs virtuais não podiam ficar para traz nesta movimentação - 'Not In My Name - Pledge Of Resistance' (mp3 - 3,54 mb)

+ blogs...

... na lista de vencedores do Second
Annual Weblog Awards
da Fairvue.

O DPádua está concorrendo com o blogchalking ao prêmio deste ano. É clicar e votar (na categoria "best meme") - no mínimo, um monte de bons links de blogs, além de alguns ótimos textos teóricos sobre o fenômeno da blogosfera.
- What We're Doing When We Blog
- ...Find a Blog
- 30 Days to a More Accessible Weblog
- Is This One Nation, Under Blog?
- They Don't Get Blog

segunda-feira, janeiro 27, 2003

FILE
Festival Internacional de Linguagem Eletrônica

"As redes virtuais constituem um plano de imanência. Elas são transcendentais. Tanto as produções digitais como a cultura digital fazem parte do plano de imanência cuja proliferação as precipitam numa potencialização sem precedentes. Há um processo constante de heterogenização que se dá principalmente por replicações livres e por procedimentos de alteridade através de devires descodificados. Disto advém o principal acontecimento da cultura da imanência que é o anarqui-culturalismo, ele é o jogo livre entre todas as performances que ocorrem no mundo da imanência, libertando-se das instituições transcendentes baseadas na autoridade e na unicidade provocando por todos os lados um descontrole que não se pode capturar. Deste modo, só podemos falar de "arte digital" no sentido metafórico, pois no anarqui-culturalismo a "arte digital" significa todas as demais disciplinas potencialmente intercruzadas num processo de transcodificação. O anarqui-culturalismo ocorre, quando a autoridade cultural não pode mais exercer nenhum poder sobre as manifestações culturais ou sobre os seus produtores; quando os seus produtos não são mais comercializados; quando o valor do produto cultural não repousa sobre a sacralização ou sobre a propriedade, mas na sua capacidade de potencializar os agentes que com ele se conectam; quando o produtor cultural liberta-se de seu ego, liberta-se de seu nome, liberta-se da pretensão inócua de entrar para a história e, então, ao se desterritorializar pode participar de um plano mais complexo, onde o sentido construído pelo autor é substituído pelas estratégias de múltiplos sentidos em co-autoria com seus interagentes; quando o produto cultural deixa de ser linear e analógico e passa a ser um sistema ubíquo de complexidade interativa enfatizando seus aspectos imersivos e bioculturais, tornando-se portanto máquina de transformação cultural; quando não há mais o mundo próprio das artes, das ciências ou de qualquer outra disciplina, mas o jogo livre entre seus códigos, o jogo livre das diagonais que atravessam todos os planos, todas as disciplinas e que entrelaçam as multiplicidades heterogêneas num jogo livre das conexões. A cultura da imanência procede por replicação. Este é um acontecimento que aproxima o mundo virtual das redes ao mundo da vida, tanto um quanto o outro são digitais."
Ricardo Barreto e Paula Perissinotto
Organizadores do FILE - festival internacional de linguagem eletrônica


No FILE2003 poderão ser feitas inscrições relativas aos trabalhos hipemidiáticos: webarts, netarts, vida artificial, narrativas hipertextuais, web cam arte, animações computadorizadas, desing digital, tele-conferências, realidades virtuais, filmes interativos, e-videos de robótica on line. No FILE SYMPOSIUM poderão ser feitas inscrições relativas a "papers" teóricos, a apresentação de trabalhos, que participe do FILE e a performances tecno-digitais. No HIPERSÔNICA poderão ser feitas inscrições relativas aos trabalhos que exploram as sonoridades: música eletrônica erudita, música eletrônica pop(techno; drum'n'bass; trance; hardcoretechno; breakbeat...), música biológica, música genética, instalações sonoras, performances sonoras, c música, dramaturgias radiofônicas, rádio arte, paisagens sonoras, robótica sonora, video música e poesia sonora.

sexta-feira, janeiro 17, 2003

Dos pré-socráticos à fenomenologia do século passado... chegando à arte interativa do século 21

... em busca de novas iluminações nos conceitos da Ecologia Digital.

Henri Bergson (filósofo francês falecido em 1941) escreveu:
"A consciência parece ser proporcional ao poder de escolha do ser vivo. Ilumina a zona de potencialidades que envolve o ato e preenche o intervalo entre o que é feito e o que poderia ser realizado"
Roy Ascott observa (in "Turning on Technology"):
"Para Bergson, admirado por sua reafirmação do fluxo de Heráclito (fisósofo pré-socrático), faltou apenas conhecer a dinâmica de nossa "networked hypermedia" (Internet) para completar o seu modelo da mente. Os ritmos cognitivos, os saltos e mergulhos, os hiperlinks, criando túneis de mente para mente, imagem para som, som para texto, partindo de locações reais para lugares virtuais, de pessoas nas ruas para identidades no ciberespaço - tudo isso caracteriza os desejos e ambições dos artistas capturados nesta dança tecno-sedutora da mente."
Este Roy Ascott, que muito antes do e-mail e da Internet já era famoso por propor o "abraço telemático" (Telematic Embrace), esteve por aqui como mentor do "Invenção", evento patrocinado pelo ItaúCultural em agosto de 99, onde deixou o seguinte recado:
"Para Roy Ascott a arte dos próximos 30 anos será a arte da consciência. Mas uma consciência dupla, uma mente aberta à ciberpercepção. Ascott usa o termo technoetic, que significa consciência + tecnologia. Ele engloba o antigo e o moderno, o espiritual e o artificial, o cósmico e o cultural. O corpo humano e os seres artificiais passam a ter um habitat em comum. É o desenvolvimento pós biológico. Uma troca entre o humano e o eletrônico, a moistmedia (mídia úmida). "
(Plugado, molhado e úmido: arte na beira da Net)
Mas o que chamou mesmo a atenção é que o tal Roy Ascott, diretor do CAiiA-STAR (trabalho colaborativo em artes interativas), está propondo em suas últimas palestras o surgimento de uma nova cultura planetária tecnoética, baseada em 3 "V-Realidades": a Validadal, a Virtual, e a Vegetal.
"Nosso foco é Arte, a tecnologia e a consciência, de onde uma cultura planetária tecnoética poderia emergir baseada em 3 RVs: Realidade Validada: abrangendo a tecnologia mecânica em um prosaico mundo Newtoniano; Realidade Virtual: abrangendo tecnologia digital e interativa em um mundo de imersão telemática; Realidade Vegetal: abrandendo a tecnologia das plantas psicoativas em um mundo espiritual enteogênico. Para essa finalidade, são necessárias pesquisas transdisciplinares e colaborativas para que ferramentas de aprendizado e produtividade inteiramente novas possam surgir. Em nossa busca de um paradigma interativo, CAiiA-STAR e o Planetary Collegium são as respostas iniciais para esta necessidade." (Planetary Technoetics: art, technology and consciousness.)
 Muito interessante...

Anatel em ação
Consulta pública para regulamentar o acesso à Internet no país


“Temos mais de 5.300 municípios no Brasil e apenas 350 dispõem
de provedores de acesso à Internet”.



Com esta frase, dando conta do abismo a ser ultrapassado a nível de universalização do acesso
em nosso país, foi aberta a audiência pública
para esclarecimento da Consulta
Pública n.º 417 – Proposta de Regulamento para Uso de Serviços
e Redes de Telecomunicações no Acesso a Serviços de Internet.


A Anatel
está propondo
que, além do atual modelo de cobrança
por pulso telefônico, também exista um modelo de código
não-geográfico, para que moradores de cidades sem provedor local
não precisem pagar interurbano nas conexões, e um terceiro, que
crie um código de quatro dígitos que transfira todo acesso à
internet para uma rede de dados, fora da rede de telefonia local.


No entanto, parece que o grande tema da parada é o futuro dos recursos
que as operadoras de telefonia pagam umas às outras pelo tráfego
gerado pela internet (tarifas de interconexão, clique
para entender
). Durante a semana,
manifestações da Anatel
contra o atual formato da Internet
grátis deram o tom das discussões, e apesar do efeito
social resultante
, parece realmente que algumas
distorções precisam ser corrigidas
.


Vamos acompanhar e retornamos no caso de novidades pertinentes.

Sobre o assunto: UOL,
IG.

Lula e o software
A escolha que pode determinar o futuro digital no Brasil

A turma do Metáfora , através
do Gasli (Grupo de Argumentação
para o Software Livre), não para de buzinar para todos os cantos que
o momento é importante e exige mobilização alerta. Do outro
lado já existe a tal Coalizão
pela Livre Escolha de Software
, iniciativa da Camara-e.net
(Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico) que "lutará
para impedir que a adoção de software livre se torne uma política
pública de governos municipais, estaduais e federal
".


O debate está quente, e vale à pena checar a real argumentação.
De um lado pode-se conferir artigo
de Marcelo Branco
, da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS),
responsável pela implantação de redes de sistemas livres
na instituição de ensino localizada num estado cujo governo adotou
o software livre como linha de frente de uma política pública
de desenvolvimento da informática; do outro está Eduardo
Campos de Oliveira
, gerente de servidores da Microsoft do Brasil.


Artigo
de Rafael Evangelista
no Obsevatório
dá uma boa visão da situação:



"Atrás do que parece ser uma simples disputa entre profissionais
especializados, que buscam enfatizar a excelência e a adequação
de duas tecnologias diferentes e nas quais são especialistas, esconde-se
um enfrentamento mais profundo, de dois grupos profissionais que parecem carregar
consigo visões de mundo e ideologias diferentes e

opostas."



A Ecologia Digital percebe que a solução não está
unicamente em um ou outro caminho, mas identifica que lobbys corporativos milionários
têm influenciado as políticas públicas nos últimos
anos no Brasil em favor do software propietário. Portanto, é engraçado (para não dizer outra
coisa) ver esta coalizão
pela livre escolha
tentar impedir que a nova ideologia eleita democraticamente
utilize de seus intrumentos de implementação de políticas
públicas nas questões relativas ao futuro digital do país.


Ou como diria o Joelhasso, "livrescolha
o caralho
".

quarta-feira, janeiro 15, 2003

Disney venceu em "Eldred vs. Ashcroft"
Mas o movimento iniciado parece ser muito maior que a decisão judicial de hoje

A Suprema Corte americana decidiu
(por 7 a 2)
manter a autoridade do Congresso em regular pela extensão
dos direitos autorais ("Sonny
Bono's Copyright Term Extension Act
") que protegem os lucros de canções,
livros e personagens de desenho animado, rejeitando os argumentos contrários
baseados no princípio da Ecologia
Digital
no já famoso caso "Eldred
vs. Ashcroft
".


Lawrence
Lessig
foi o advogado que teve a incumbência de demonstrar aos juízes
que o estado atual da legislação distorce a função
essencial do copyright na Constituição. Ele declara
hoje em seu blog
esperar que a decisão desfavorável crie a
mobilização necessária para que se restabeleça o
"direito
dos comuns
" na questão.


O melhor acompanhamento do assunto está no Copyfight.

terça-feira, janeiro 07, 2003

Voltando...
... e saudando a vitória do dia no âmbito da Ecologia Digital



eu mesmo, em uma praia perto de Half Moon Bay,
no caminho de San Francisco - paraíso dos surfistas


Voltando dos EUA, depois de passar por San Francisco, conhecer a comunidade
de Kayumari
, que fica em Columbia,
aos pés da Sierra Nevada,
descendo as montanhas depois para encontrar amigos nas praias de Santa
Cruz
, e aí novamente San Francisco para depois subir para Ashland,
no Oregon, para encontrar (e conhecer) novos amigos, cá estou novamente
neste paciente blog.


Aos amigos que tentaram acompanhar as minhas andanças via blog (Us,
and then...
), desculpo-me pelas expectativas que possa ter criado em relação
aos conteúdos prometidos. Espero poder comentar o que se passou tentando
recuperar o que for pertinente e esclarecedor para os princípios da Ecologia
Digital.


E retorno com uma boa e fresca notícia para os que acompanham as batalhas
judiciais
relacionadas ao DMCA. Jon Johansen, o rapaz norueguês que
estava sendo processado pela MPAA por ter
descoberto e divulgado pela Internet o DeCSS,
que quebra a encriptação que impedia Jon de visualizar em seu
Linux PC os DVDs que adquiria legalmente, foi inocentado pela justiça
da Noruega. Notícia no The
Register
, e informação completa com a EFF.