Na rede

segunda-feira, setembro 13, 2004

Novidades na ecologia da música na rede
- Tem gente novamente querendo tudo para si

Lá vem Bill Gates novamente, arrombando o mercado de música na rede. O lançamento é uma estratégia integrada, composta dos lançamentos (beta) do portal MSN-Music, e da versão 10 do Windows Media Player -- ou seja, um aplicativo com uma loja dentro. E é o mesmo aplicativo que, por ser implantado (originalmente e de forma indissociável) no sistema operacional Windows, causou à M$ uma multa recorde(!) da União Européia por práticas monopolistas.

Detalhes do MSN-Music: US$0.99 por música, albuns a 9,90 (9 cents a menos que no iTunes!!), e o DRM sofisticado permite que você espalhe sua música adquirida em até 5 computadores, queime até 7 CDs de uma playlist, e transfira o arquivo para o seu "portable device" quantas vezes quiser -- caso à parte são os celulares. Certamente estão reformando a prisão para que nos sintamos completamente em casa dentro dela.

Enquanto isso, na periferia da rede as iniciativas são bem mais interessantes. Não que estejamos falando de assaltos aos princípios da propriedade e da lógica de mercado. Apenas imaginamos situações onde obter o máximo em termos financeiros não seja o objetivo principal da empreitada, e que ao final, inteligência e princípios ecológicos específicos do mundo digital possam agregar valores que permitam a sustentabilidade de projetos que promovem a cultura livre (e de output gratuito sim, porque não? Ex.:-)

Last.fm é um site de rádio online que disponibiliza audição gratuita, mas que conta com um plus interessantíssimo: funciona de forma integrada com o Audioscrobbler, um plugin que enxerga diretamente as playlists do Winamp e/ou iTunes em sua máquina e envia suas preferências para um servidor. Dessa forma, Last.fm configura uma estação de rádio personalizada baseada no seu gosto musical(e pode-se gravar o streaming com StepVoice).

O mais interessante é podermos entrar nas rádios de outros usuários, diversificando de forma qualificada nossas preferências. Por outro lado, sempre há a chance de investigar no site sobre os CDs originais das músicas que tocam, o que significa um poderoso marketing qualificado em favor da moribunda indústria fonográfica. E afinal, tudo isso significa música de qualidade e de graça para os usuários. Vale aqui lembrar o que fizeram com as web radios.

A viabilidade legal da Last.fm, que conta com 100 mil músicas próprias, acontece em função de um contrato com a MCPS-PRS Alliance -- o correlato inglês da RIAA -- e também devido a um contato favorável com as gravadoras na oferta de promoções e pesquisas de marketing. Sob qualquer ponto de vista, uma solução muito mais inteligente e saudável para viabilizar a música na rede -- bem diferentemente da tática nazista de processar os usuários.

Bonus links: Vale à pena conferir o catálogo da Magnatune, uma forma inovadora de distribuir música online; e ainda no mundo da música livre (neste caso, só para Linux): Gnomoradio, aplicativo que encontra, organiza, compartilha e toca músicas gratuitamente disponíveis (registradas em licenças Creative Commons) para compartilhamento como arquivos.

UPDATE: Não podia deixar de citar a artigo no NYTimes (via HD) que afirma categoricamente:

"Fazer download de música na Internet não é ilegal. Muitos dos arquivos disponíveis online são não apenas grátis, mas também facilmente acessáveis, legais e -- o mais importante -- vale à pena escutá-los. Enquanto a indústria da música ataca com processos e lobbies a disponibilização de música online, inúmeros músicos (Bob Dylan, Yeah Yeah Yeahs) tiram partido da Internet para fazer com que sua música seja ouvida. Também os selos disponibilizam músicas gratuitas, principalmente os de rock e música eletrônica (Matador, Vagrant, Barsuk, Saddle Creek e Tigerbeat6). E algumas rádios públicas: música clássica (WNYC), eclética (WFMU e KCRW), e também a MTV".
Laptop D.J.'s Have a Feast - JON PARELES - Nytimes 10/09/2004

Segue a seleção dos sites que oferecem música grátis online: