Na rede

quinta-feira, novembro 07, 2002

A nossa Ecologia Digital, e a outra...
- Nós defendemos o mundo novo,eles buscam refúgio da overdose de dados da web

Ao girar pesquisas no google, uma em especial me chamou a atenção, destacando um artigo sobre Ecologia Digital de Javier Castañeda, do portal Baquia.com. O autor considera que estamos "sucumbindo ante os encantos da Era da Informação", e que precisamos de defesas que nos preservem "do ruído e do stress da comunicação permanente" - por isso, afirma que a ecologia digital (dele) é extremamente necessária pois irá salvar a humanidade desta triste situação.

Mas que overdose de informação é essa? E afinal, o que realmente é a web? Dave Weinberger me socorre tão pertinentemente com este artigo que só posso traduzir (quase) na íntegra:

"Passo a maior parte do dia na web, e sabes quanto tempo gasto lidando com informação? Em um bom dia, nada. Eu leio, escrevo, me relaciono com pessoas que conheço
ou passo a conhecer, processo e-mails, evito trabalho, etc. Informação é a última coisa que tenho em mente, e portanto soa estranho que o foco do assunto seja informação quando estamos falando do real substrato da web.

É fácil entender como esta abordagem foi concebida: a Teoria da Informação reduziu a comunicação humana a sinal e ruído, como uma forma de entender matematicamente o desafio
de mover padrões de A para B. Então vieram as bases de dados que reduziram ainda mais o significado da informação, registrando-a como a correlação de dados armazenados em linhas e colunas. Informação passou a ser considerada "coisa de computador".
...
Mas qual a importância desta discussão? Talvez tenha tudo a ver com a forma como experienciamos a Internet, e assim, com o que pensamos que seja a sua real utilidade, e o que consideramos que deva ser feito com a rede. A velha idéia de que trata-se de uma "Information Highway" foi adequada para governos e corporações em um determinado momento, mas obscureceu o fato de que a web está mais para conexão do que para transferência de dados. Está mais para um espaço onde humanos pouco organizados produzem toda a sorte de coisas que podem ser realizadas com palavras, figuras e sons, do que para um local onde seres racionais estão engajados em pesquisas. E é este o motivo pelo qual a Internet é um mundo, e não apenas uma mídia. Mídias se encarregam de mover bits, bytes, fatos
e informação de A para B. Um mundo é um rico contexto, irredutível e imprevisível - provedor do espaço onde seus habitantes podem arrancar os cabelos, se inflamarem ou se apaixonarem.

A informação que aparece na web é parte do mundo da web. Mas você nunca chegará ao mundo da web começando apenas com informação.

Como você usa a web? Meramente para transferências?"

Espero que tenha ficado claro de que Ecologia Digital estamos falando.

Agradecimento à comunidade
- Testemunho da calorosa acolhida do universo do blog-ativismo

Assim como quando o Ecologia Digital foi citado pela Cora, não poderia agora deixar de destacar a receptividade da blogosfera nacional à nossa presença no ambiente.

O Hernani
Dimantas do Marketing Hacker já havia linkado uma vez destacando a definição de Ecologia Digital, e depois outra sobre o nosso artigo (Eldred vs. Ashcroft) no MetaOng que inaugurou a seção específica do tema. Desde que comecei a circular no pedaço pude perceber a importância da atuação do hdhd na mundo blog nacional, e seu papel no reconhecimento da competência brazuca pelos 'pros' da rede. Merecem destaque suas participações em projetos como o Manifesto Cluetrain, Buzzine, Metáfora, e nos power blogs Gonzo-Engaged (Marketing Muito Maluco) e Small Pieces (Para que serve a web) - diga-se de passagem, todos extremamente sintonizados com os princípios da Ecologia Digital.

Teve também muito significado ser citado nos fluxos do Daniel Pádua, a quem já havia anteriormente declarado meu reconhecimento devido à sua especial presença neste admirável espaço novo. O Blogchalking já é um fenômeno consagrado, mas o cara manda bem também em outras investidas como o GASLI (Grupo de Argumentação
para o Software Livre) que está formulando colaborativamente um guia técnico para respaldar a Bancada do Software Livre no Congresso a criar problemas para Bill Gates aqui na Microsoftlândia, e o PROVOS, que propõe ações descentralizadas de mídia tática (entre elas o ZineProvos,
em Wiki, onde já meti minha colher). É dele também o manifesto do Projeto Metáfora, e foi sua
citação
o impulso necessário para que eu pudesse me apresentar melhor à galera metafórica.

Ativismo real se conectando através do ambiente tecnologicamente determinado. Ecologia Digital.


UPDATE 26/02/2003: Felipe Fonseca define o Metáfora "para quem ainda não entendeu".