Na rede

sexta-feira, abril 04, 2003

Googlewashing
Pagerank causa lavagem semântica?

O The Register publicou artigo
de Andrew Orlowski (Anti-war
slogan coined, repurposed and Googlewashed... in 42 days
), onde este afirma
que os blogueiros da chamada 'A-List' detêm hoje excessivo poder em utilizar
o algoritmo Pagerank
do Google para dar visibilidade aos temas de seu interesse.


Para quem não sabe do que se trata, esta 'A-List' foi inicialmente citada
em Deconsctructing 'You've got
Blog'
, que é uma espécie de resposta ao famoso artigo You've
got Blog
, de Rebecca Mead, que anunciou a existência dos blogs ao
mundo em 2000 ao contar o romance bloguístico de Meg megnut
/ Blogger Hourihan e Jason
Kottke
. O texto de Joe Clark traz argumentos
astutos sobre a existência de uma aristrocracia na blogosfera - blogueiros
com poder suficiente para fazer um determinado conteúdo ascender nos
ranks do Google, relegando ao anonimato da web outros conteúdos não
abençoados pela 'A-list'.


O artigo no Register teve como objeto o termo "Segunda Superpotência",
que segundo Orlowski teria surgido no calor dos protestos
anti-guerra do dia 15 de fevereiro último
numa análise
de notícia por Patrick Tyler
veiculada em primeira página
no NYTimes. Segundo Orlowski, crítico
implacável
do Cluetrain,
em apenas 42 dias a máfia do 'A-List' emplacou nos primeiros lugares
da busca do termo "Segunda
Superpotência" no Google
o artigo de Jim
Moore
, The
Second Superpower Rears its Beautiful Head
, que apresenta a Internet,
ou melhor, a comunidade global conectada como o "corpo" desta "Segunda
Superpotência". Veja o trecho traduzido:



"Está emergindo uma segunda superpotência, mas não
é uma nação. É um novo formato de ator internacional,
constituído pela "vontade do povo" em um movimento social
global. A face bonita, mas profundamente agitada desta segunda superpotência
é a campanha mundial pela paz, mas o corpo deste movimento é
formado por milhões de pessoas interessadas em uma agenda ampla que
inclue desenvolvimento social, ambientalismo, saúde e direitos humanos.
Este movimento possui um corpo musculoso e ágil, formado por cidadãos
ativistas que tem seus interesses identificados com a sociedade mundial como
um todo, e que reconhecem em todos os seres humanos do planeta uma unidade
fundamental. Estas são as pessoas que estão tentando levar em
conta as necessidades e sonhos de todas as 6.3 bilhões de pessoas no
mundo - e não somente os membros de uma ou outra nação."



Ou seja, o artigo
do Register
aponta que o termo Segunda Superpotência nasceu como uma
concessão
do NYTimes
ao movimento pacifista, e que a turma do "A-List" (Cluetrain?)
teria "Googlewashed" (lavado semânticamente), ou descaracterizado
o "real" significado do termo nos algoritmos do Pagerank.
Dessa forma, o termo deixou de ter o sentido que Orlowski gostaria que tivesse
na web, e passou a representar predominantemente a discussão sobre a
Internet como Segunda Superpotência, de acordo com a proposição
de Moore.


Talvez, como diz Kevin
Marks
, Orlowski esteja manifestando a preocupação da big mídia
de que uma confraria de jornalistas não profissionais estejam adquirindo
o poder inusitado de fomentar e formatar novas discussões e introduzir
novos conceitos, cometendo o sacrilégio de ultrapassar o NYTimes em termos
de pertinência perante ao Google. Talvez assuste ainda mais a agilidade,
a escala e a velocidade de evolução de tais procedimentos de difusão
e troca de informações.


Weinberger
infere que a mensagem oculta no artigo de Orlowski, que começa com uma
referência à Internet como ambiente propício ao totalitarismo,
é de que o Pagerank do Google presta atenção exagerada
à blogosfera. Mas "E DAÍ!!". O recado do Joho é
para que Orlowski não se preocupe pois "com a capitulação
da big mídia, a Internet - onde cidadãos como Jim Moore e Andrew
Orlowski podem colocar boas e más idéias em circulação
- oferecerá a melhor proteção contra qualquer tipo de totalitarismo
".