E segue a II Oficina, onde o destaque é a boa qualidade das idéias apresentadas pelos representantes do governo, principalmente os que estão colocados nas posições estratégicas do setor de TI (agora TIC). Sérgio Amadeu (ITI), Rogério Santana (SLTI/MP) e Rodrigo Assumção, seu incansável adjunto e principal motor do evento, me parece um tripé de qualidade para as transformação necessárias no setor.
Na primeira plenária do dia (ontem, 29), o simpático Rogerião Santanão esteve falando sobre e-gov frente a José Eisenberg, Prof. de Ciência Política do IUPERJ. Sua longa experiência à frente da Procergs, acompanhando a experiência gaúcha de software livre e também o desenvolvimento das práticas do orçamento participativo credenciam seu discurso. O fato de determinados serviços de governo estarem já internetizados (receita, eleições, bancos, geralmente tendo como retaguarda sistemas da esfera do controle), enquanto outros permanecem empacados frente ao emaranhado de sistemas que não conversam entre si revela o viés do E-gov, que até hoje desconsiderou a melhoria da qualidade de vida das populações de baixa renda. Santana: "até hoje não existe o cartão único de saúde".
Eisenberg apresentou dados de suas pesquisas sobre ação municipal de inclusão digital, e reforçou a visão de que os serviços preparados para serem disponibilizados não coincidem com aqueles que atingem o maior número de usuários: E-gov hoje não sintoniza com inclusão digital. Apresentou avaliação dos diferentes modelos institucionais das empresas de processamento de dados, comparando a Prodabel (Belo Horizonte, empresa pública), a Procergs (Porto Alegre, economia mista) e o ICI (Curitiba, organização social, resquício da Reforma Gerencial) - este último se mostrando mais ágil na captação de recursos, mas ao mesmo tempo menos trasparente e acessível ao controle social.
O último painel ficou por conta de Cláudio Prado (representando o Ministério da Cultura) e Nélson Pretto (FACED/UFBA), que trouxeram os ventos da Educação e da (contra)Cultura ao evento, até então eminentemente técnico e governamental. Cláudio (o agitador da Ilha de Wight), encarregado de representar o ministro Gil, falou mas não disse (segundo ele porque não podia) sobre um projeto de implantação de centros de cultura digital. O plano é incentivar a apropriação tecnológica das novas ferramentas de produção de conteúdos digitais (áudio, vídeo + internet) em localidades com alto índice de exclusão social. Entre outras "visões" Claudio propõe um salto sobre o século 20, este que manteve os frutos do desenvolvimento e do avanço científico distante das massas, para uma aterrissagem digital diretamente no século 21. Implodir o modelo da cultura broadcasting na disponibilização digital das diversas culturas nacionais, irradiando conteúdo a partir das pontas da rede. E para provocar um pouco mais, lançou a frase: "Sem Tesão não há Inclusão".
Nelson Pretto, que também coordena a Biblioteca Virtual de Educação à Distância, do Prossiga, seguiu com o painel avisando que "as redes não conectam espaços virgens" e reclamando da falta de representação do Ministério da Educação ao evento. Ao mesmo tempo em que denunciou a pedagogização da educação e a professoralidade instituída (professor precisa viajar), alertou para o perigo de se criar estruturas paralelas à escola, sugerindo que a Inclusão Digital seja mais abrangente, incluíndo o cidadão e a escola:
"A inclusão digital pode acontecer em um ciberparque localizado no meio do muro que liga a escola à rua, constituíndo um túnel de passagem, o espaço-tempo da produção cultural, onde poderiam se articular comunicação, educação, saúde, ciência, cidadania, tecnologia, etc. Não como algo à parte, mas integrando a formação do cidadão para a construção de uma nação à prova de futuro". Neste sentido convocou o terceiro setor à insistir na parceria com as escolas, e ao Ministério da Educação a se articular com as iniciativas de governo para integrar as ações de inclusão digital.
No fechamento desta blogada, Cláudio Prado ainda tentava, sem sucesso,
que sua frase tesuda fosse incluída no documento final da oficina: "Tucanaram
a inclusão".
Na primeira plenária do dia (ontem, 29), o simpático Rogerião Santanão esteve falando sobre e-gov frente a José Eisenberg, Prof. de Ciência Política do IUPERJ. Sua longa experiência à frente da Procergs, acompanhando a experiência gaúcha de software livre e também o desenvolvimento das práticas do orçamento participativo credenciam seu discurso. O fato de determinados serviços de governo estarem já internetizados (receita, eleições, bancos, geralmente tendo como retaguarda sistemas da esfera do controle), enquanto outros permanecem empacados frente ao emaranhado de sistemas que não conversam entre si revela o viés do E-gov, que até hoje desconsiderou a melhoria da qualidade de vida das populações de baixa renda. Santana: "até hoje não existe o cartão único de saúde".
Eisenberg apresentou dados de suas pesquisas sobre ação municipal de inclusão digital, e reforçou a visão de que os serviços preparados para serem disponibilizados não coincidem com aqueles que atingem o maior número de usuários: E-gov hoje não sintoniza com inclusão digital. Apresentou avaliação dos diferentes modelos institucionais das empresas de processamento de dados, comparando a Prodabel (Belo Horizonte, empresa pública), a Procergs (Porto Alegre, economia mista) e o ICI (Curitiba, organização social, resquício da Reforma Gerencial) - este último se mostrando mais ágil na captação de recursos, mas ao mesmo tempo menos trasparente e acessível ao controle social.
O último painel ficou por conta de Cláudio Prado (representando o Ministério da Cultura) e Nélson Pretto (FACED/UFBA), que trouxeram os ventos da Educação e da (contra)Cultura ao evento, até então eminentemente técnico e governamental. Cláudio (o agitador da Ilha de Wight), encarregado de representar o ministro Gil, falou mas não disse (segundo ele porque não podia) sobre um projeto de implantação de centros de cultura digital. O plano é incentivar a apropriação tecnológica das novas ferramentas de produção de conteúdos digitais (áudio, vídeo + internet) em localidades com alto índice de exclusão social. Entre outras "visões" Claudio propõe um salto sobre o século 20, este que manteve os frutos do desenvolvimento e do avanço científico distante das massas, para uma aterrissagem digital diretamente no século 21. Implodir o modelo da cultura broadcasting na disponibilização digital das diversas culturas nacionais, irradiando conteúdo a partir das pontas da rede. E para provocar um pouco mais, lançou a frase: "Sem Tesão não há Inclusão".
Nelson Pretto, que também coordena a Biblioteca Virtual de Educação à Distância, do Prossiga, seguiu com o painel avisando que "as redes não conectam espaços virgens" e reclamando da falta de representação do Ministério da Educação ao evento. Ao mesmo tempo em que denunciou a pedagogização da educação e a professoralidade instituída (professor precisa viajar), alertou para o perigo de se criar estruturas paralelas à escola, sugerindo que a Inclusão Digital seja mais abrangente, incluíndo o cidadão e a escola:
"A inclusão digital pode acontecer em um ciberparque localizado no meio do muro que liga a escola à rua, constituíndo um túnel de passagem, o espaço-tempo da produção cultural, onde poderiam se articular comunicação, educação, saúde, ciência, cidadania, tecnologia, etc. Não como algo à parte, mas integrando a formação do cidadão para a construção de uma nação à prova de futuro". Neste sentido convocou o terceiro setor à insistir na parceria com as escolas, e ao Ministério da Educação a se articular com as iniciativas de governo para integrar as ações de inclusão digital.
No fechamento desta blogada, Cláudio Prado ainda tentava, sem sucesso,
que sua frase tesuda fosse incluída no documento final da oficina: "Tucanaram
a inclusão".