Por algum tempo desdenhei a ferramenta blog, que a começar pelo nome, me passava a impressão de algo pouco produtivo, ou de significado limitado. Confesso que a primeira vez que o termo blog me chamou a atenção foi em março último, no anúncio da aposta de 1 milhão de dólares que Dave Winer (Scripting News), CEO da Userland.com, fez com Martin Nisenholtz, CEO do NYTimes Digital. O desafio será decidido em 2007, tendo como critério cinco buscas a serem realizadas no Google - se um blog figurar na frente do NYTimes.com na lista de resultados em três ou mais buscas, Winer vence.
Em caso contrário, ou na hipótese das empresas de mídia se apropriarem do formato blog para publicar seu próprio conteúdo, e um blog no NYTimes figurar no topo das pesquisas em 2007, Nisenholtz vence. Esta e outras apostas "visionárias" podem ser acompanhadas no site LongBets.com.
Isto se daria como resultado da incapacidade da mídia tradicional em especializar seus reduzidos quadros de redatores e editores no acompanhamento do amplo espectro de assuntos circulando na rede. Ainda segundo esta visão, a web acostuma seus usuários a esperar "sempre mais", e o sucesso dos blogs é condicionado pela incapacidade da mídia tradicional em disponibilizar, sob variados ângulos e na agilidade necessária, a sempre crescente diversidade multi-dimensional dos temas. De fato, a independência, transparência e agilidade editorial dos bloggeiros pode realmente significar um golpe no vigente paradigma dos grandes veículos de mídia na rede. No entanto, nada impede que as grande corporações assimilem o formato e o adaptem favoravelmente para seu próprio uso - o que, se for realizado com êxito, significa vitória para o NYTimes na aposta a ser conferida em 2007. Como exemplo, o jornal britânico Guardian
já disponibiliza seu próprio weblog.
Mas, independentemente da disputa que me chamou a atenção, o fato é que ao fim de poucas horas de pesquisa me rendi completamente ao fenômeno e estou encantado com as possibilidades desse novo formato de mídia. Também saltam aos olhos, num primeiro momento, as formas de interatividade que estão sendo propostas pela comunidade engajada com o objetivo de conferir visibilidade aos blogs que surgem em profusão. Para não ficar olhando a festa do lado de fora, fui direto ao Blogger, referenciado como o melhor serviço de hospedagem de blogs na rede. Alguns momentos depois já estava devidamente "iniciado" - o feliz proprietário
de um blog novinho em folha.
Com alguns cliques configurei meu novo endereço, incluíndo comentários e estatística de visitação. Uma rápida olhada no Google me deu a dica de blogs relacionados ao tema que escolhi, aonde pude colher referências interessantes para ajustar minha idéia inicial às especificidades do formato. O estilo e a temática dos blogs de Doc Searls (um dos autores do Manifesto Cluetrain - veja entrevista em português) e de David Weinberger (JOHO), dois grandes ativistas do meio ambiente digital, serviram como ponto de partida.
O acompanhamento de diretórios como o Blogging Ecosystem me permitiu sentir o "clima" do que está rolando no meio bloggeiro mundial, e em termos nacionais não posso deixar de citar o simpático InternETC. da Cora Rónai como ótima fonte de inspiração.
Uma vez publicado, o blog carece de um item importantíssimo - visibilidade - , e é exatamente neste quesito que a comunidade blog apresenta as idéias mais criativas. Para começar, cada blog dispobiliza o seu "blogrolodex", ou listas que indicam as recomendações do autor, e linkar outros blogs nos próprios textos disponinilizados também é prática usual, fazendo do universo bloggeiro uma grande corrente. Mas o marketing dos blogs não para por aí: vasculhando nas ferramentas de divulgação deparei com o BlogTree, um serviço gratuito aonde você pode registrar os "pais" conceituais do seu blog. E então, ganhei inúmeros irmãos (filhos dos mesmos blogs que registrei como pais). Ao testemunhar no universo blog tamanha dinâmica e apelo aos nossos instintos editoriais, percebo que minha aventura na área está apenas começando...
|