A questão da regulamentação das telecomunicações
no que se refere ao acesso à Internet têm sido objeto de muita
argumentação e disputa em todo o mundo. Ainda na semana passada
o FCC americano votou
um conjunto de regulamentações, o qual foi considerado
incoerente pelo próprio Chairman da comissão, Michael Powell.
Tentar entender agora o que se passa no contexto norte-americano pode ajudar-nos
a antecipar situações futuras do nosso mercado.
Está claro que as entidades que se fazem representar no FCC, incluindo
as chamadas baby "Bells" (Verizon, BellSouth, SBC e Qwest), telecoms
de atuação regional, e as grandes AT&T e Worldcom, assim como
as empresas do setor de tecnologia (que no caso também se dividem em
fornecedores de software, de hardware, e provedores de serviço de acesso),
como no Brasil, não estão conseguindo chegar a um acordo sobre
como repartir o mercado.
Arrisco afirmar que a maioria destas empresas ainda não entenderam bem
a dinâmica da Internet, e por terem dificuldade de conceber o próprio
espaço no cenário futuro do mercado de acesso, ficam paranóicas
e batendo cabeça no intenso lobby sobre as instâncias reguladoras,
gerando normatizações
incoerentes que terão como resultado entupir os tribunais de questionamentos
legais nos próximos meses. O sindicato dos lobistas e dos advogados só
têm a agradecer.
Aqui no Brasil estamos por aguardar a consolidação da Consulta
417 pela Anatel,
e bom seria se os responsáveis pelos resultados do processo estivessem
acompanhando de perto a bagunça que o FCC está causando por lá,
e tentassem evitar a possibilidade da Anatel repetir a lambança por aqui.
Rogério
Gonçalves no Observatório
dá as últimas informações sobre o processo, colocando
esperanças numa melhora da formação do Conselho Consultivo
da agência, que hoje tem vários membros que também são
dirigentes de telecons(!). Assim dá até para dispensar o lobby...
O fenômeno wireless
the last mile
No momento existe um fator que precisa ser incluído com urgência
na presente discussão - a tecnologia
wireless como solução para a conexão final da Internet
aos usuários. A Lei
de Moore determina que a tecnologia de pacotes do protocolo Internet irá
dominar o mercado de telecomunicações, eliminando o protocolo
de circuitos das linhas telefônicas que utiliza ineficientemente o espectro.
A novidade é que a mesma lei agora começa a ter impacto no uso
do espectro wireless. Como?
O modelo tradicional funciona hoje alocando bandas de espectro de rádio
para usuários particulares, como por exemplo, os canais de televisão.
O novo modelo
propõe a livre utilização do espectro (Open
Spectrum), deixando que a aumentada capacidade dos modernos receptores selecionem
as mensagens. Tais receptores irão aumentar a eficiência das bandas
de espectro valendo-se do desenvolvimento contínuo de sua capacidade
de processamento. Adivinhe qual modelo será diretamente alavancado pela
Lei de Moore?
Visão de futuro:
hoje estou conectando
pontos de acesso wireless aqui na minha comunidade para compartilhar uma
conexão banda larga via cable modem. Imagino que rapidamente este modelo
de acesso irá dançar, e eu estarei conectado diretamente a uma
rede wireless local (pública, comercial ou comunitária), e esta
se ligará diretamente a um transmissor acoplado no backbone da Internet.
Tecnologias que indicam
este caminho para o acesso dos usuários finais estão surgindo
a cada instante. Quem sabe a minha pequena rede não é o embrião
da organização quer irá reunir os usuários finais
do vale onde moro em um projeto comunitário
mais amplo, que irá se ligar diretamente ao backbone da rede se utilizando
das facilidades do modelo de espectro
aberto?
A rede de comunicação do futuro terá, ao que tudo indica,
um esqueleto de cabos e uma pele wireless.
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