Saí
correndo hoje de manhã lá para o BlueTree,
do lado do Alvorada, para acompanhar a palestra do novo titular da Secretaria
de Logística e Tecnologia da Informação - SLTI do Ministério
do Planejamento, Rogério
Santanna, na Mostra
de Soluções em Tecnologia da Informação Aplicadas
ao Setor Público.
Quem é do ramo sabe que este cargo é chave na determinação
de diretrizes para a atuação do governo como um todo em termos
de TI, e eu mesmo vinha há algum tempo querendo descobrir qual o apito
que toca o novo Secretário. Tinha informações sobre sua
atuação nas empresas estaduais do Rio Grande do Sul, o que já
eram boas credenciais, e aproveitando a oportunidade vou blogar sobre a apresentação
dele, que me pareceu muito boa.
Ao
iniciar falando sobre o "apartheid digital", do abismo entre os que
participam da sociedade da informação e os que não tem
acesso a nenhuma infraestrutura - os info-ricos X os info-pobres, antecipou
a tonalidade social de toda a exposição. Muito interessante, e
supreendente, a ênfase dada pelo novo secretário ao aspecto não-tecnológico
dos projetos de inclusão digital. Demonstra que Rogério Santanna
conhece o que está falando, e que as iniciativas da SLTI poderão
finalmente se integrar com os movimentos de inclusão digital já
desenvolvidos pelo terceiro setor e pelas universidades. Só isto já
valeu a manhã!
Ao apresentar as iniciativas de sucesso do governo passado, à principio
Santanna estava meio tímido, mas há que se conceder que o ComprasNet,
que tem hoje 17 países interessados em implementar, o ReceitaNet,
e o sistema
de voto eletrônico são exemplos de sucesso. Já não
se pode ser tão efusivo com relação às iniciativas
de E-gov na Internet (e porque existe
este?; e pra que serve este?),
pois faltou conhecimento de causa na formulação das diretrizes,
e muito pouca habilidade na integração dos programas mesmo no
raio próximo da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos
Três Poderes (tudo pertinho!). Santanna comentou sua estranheza com o
fato de não haver nenhuma rede de fibra ótica do goerno interligando
os prédios na eplanada (!?). Só a Remav,
da antiga Telebrasília.
Em seguida abordou também a questão do compartilhamento racional
da infraestrutura de redes, o que deve assustar as telecons. Mencionou a necessidade
de independência com relação a esquemas monopolistas / proprietários
no fornecimento de sistemas, o que implica diretamente na questão do
software livre, e colocou como desafio a integração do E-gov com
estados e municípios. Chegou a mencionar o papel importante das empresas
estaduais de processamento de dados neste processo, através do forum
que é a ABEP. Como conhecedor
do ramo, afirmou também que estas empresas precisam passar por uma grande
reformulação em termos de gestão.
Como desafio futuro mencionou a implantação de uma politica de
gestão de sistemas legados, destacando que este aspecto da gestão
de TI mobiliza manobras gigantescas na estrutura dos órgãos governamentais,
e portanto deve operar de acordo com diretrizes gerais que promovam a integração
dos sistemas em nível amplo e o manejo racional dos recursos de TI.
A proposta de implementação do ComprasNet a nível nacional,
de forma a permitir uma política de fomento setorial às micro,
pequenas e médias empresas, ou ainda àquelas que investem em inovação,
através de diretrizes específicas para as compras governamentais
também me pareceu um projeto de primeira. É uma herança
positiva do trabalho realizado no governo passado.
Entre
uma e outra frase interessante, Rogério Santanna mandou lá que
"nenhum processador pode estar sendo desperdiçado no Brasil",
uma boa frase de efeito para o MetaReciclagem.
Deixou claro que o próximo passo do governo em termos de inclusão
digitral será a "Segunda Oficina de Inclusão Digital"
que deve acontecer neste mesmo BlueTree no mês que vem. Este será
o forum onde os vários parceiros desta obra poderão se conhecer,
e de acordo com o posicionamento do novo SLTI do MP (código de siglas
típico de Brasília...), terceiro setor e universidades são
presença fundamental.
Saindo do recinto da Conferência, lá estamos cercados de logomarcas
e gatas em grande estilo - é o bombardeamento dos sentidos. O pessoal
do Serpro realmente caprichou no lanche, mas contamos com o bom discernimento
do novo Secretário para que marcas menos hegemônicas e menos fisiológicas
possam ter a chance de mostrar serviço ao novo governo.
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