Desde a "CENSURA"
em outubro de 2002, que resultou no afastamento
do jornalista Paulo Cabral da presidência dos Diários Associados
e do Correio Braziliense, e na saída de Ricardo Noblat da direção
de redação do jornal, o que vemos acontecer no principal diário
candango é de entristecer.
Nos últimos meses, em mais uma decisão típica do "raciocínio
proprietário" que se apoderou da casa, fechou seu conteúdo
para os usários da Internet, decretando o fim de qualquer importância
que tenha alcançado na web. É fato que o Correio
Braziliense nunca chegou a apresentar um bom site, mas mantinha agilidade
na cobertura e era referência para os assuntos de Brasília. Agora
nem isso.
Nos temas da Ecologia Digital (software
livre, propriedade intelectual, etc.) vemos seus articulistas papaguearem conceitos
certamente soprados ao pé do ouvido pelas corporações de
software. Ainda em dezembro do ano passado, como bem
destacado pelo Prof.
Pedro Rezende no Observatório,
tentava suavizar as mirabolâncias dos contratos
da TBA (Micro$oft) com o governo federal:
"(A TBA) esclareceu ainda que não há decisão
condenando os contratos, apenas pareceres do TCU que pedem ajustes e se referem
a um modelo que não mais é executado. Assim não há
problema para Gates se preocupar. Os contratos estão, sim, sob análise
da Secretaria de Direito Econômico. No STF, porém, não
há pendência alguma."
Correio Braziliense, caderno "Metrópole",
01/12/2002
Não é uma PIADA?! Hoje parece que, apesar do Correio, a farra
da TBA está chegando
ao fim com ações
efetivas do governo, mas o jornal continua tomando partido escancaradamente
em favor da ideologia das corporações do mercado de software,
como novamente
destaca o Prof. Pedro Rezende:
MICROSOFT ATACA BRASIL
"Gigante internacional critica decisão do governo federal de dar
preferência ao uso de software livre nos computadores de órgãos
da administração pública.
Empresas pressionam pelo pagamento de direitos autorais".
Correio Braziliense, Economia, 12/10/2003
Análise do título da notícia:
"Embora a segunda frase da chamada se insinue como justificativa para
o ataque anunciado no título, a relação que ela guarda
com a fúria do monopolismo ameaçado, descrita na primeira, é
oposta à que insinua a justaposição de ambas. O verdadeiro
motivo para tal justaposição pode ser o de levar o leitor a
inverter sua percepção inicial sobre a moralidade do noticiado
ataque, sem que se agrida, no restante da matéria, a veracidade da
narrativa. Tal manobra acaba envenenado, com conotações de possível
ilegalidade, a ação de um Estado que exercita sua autonomia
num mundo dominado pelo dogma fundamentalista de mercado. Noutras palavras,
servindo de enganosa propaganda em favor da imperial agenda teológica
"pelo livre comércio", à guisa de notícia econômica."
Prof. Pedro Rezende, Obervatório de Imprensa,
21/10/2003
Ecologia Digital vai continuar denunciando
as distorções no trato dos assuntos que nos tocam. A preferência
pelo software livre é política pública do governo brasileiro,
e assim é por muitos motivos, sendo o menor deles econômico, e
o maior, estratégico. Caberia ao Correio Braziliense maior decoro ao
tratar de tais assuntos, evitando permear interesses outros em suas matérias.
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