Junto com o já famoso CD, nesta edição vem uma análise íncrivel da trajetória do ativismo digital nacional, e sua contenda com as forças armadas da propriedade intelectual, desde o tempo da quebra das patentes dos remédios de aids com o Serra, passando pela chegada do Creative Commons ao país, até a trombada do Sergio Amadeu com a Microsoft pela implantação do software livre no governo brasileiro.
Não deixa de destacar o convite de José Sarney a Richard Stallman para participar da semana de SL no Legislativo, ano passado em Brasília, citando também o discurso lisérgico de Gil. Foi mais ou menos quando os "Pontos de Cultura" estavam sendo gestados. Fica o registro da reação do Stallman ao discurso do ministro Gil naquele contexto (trecho do artigo da Wired):
Se o Stallman achou que seria o palestrante mais provocativo no evento, ele não contava com Gil, cuja apresentação traçou as origens do movimento open source e da cultura digital em geral ao LSD. "O que eu disse", lembra Gil, "foi que este processo que levou ao computador pessoal, ao Silicon Valley, este extraordinário grau de cognição que surgiu da interseção da matemática e do design e das estruturas cristalográficas do quartzo tornou-se possível através das viagens de ácido." Ele ri. "Ou talvez não somente pelas viagens mas sem nenhuma dúvida potencializada por elas"."E Stallman disse,'Espera aí, não foi bem assim que aconteceu'," lembra Gil. "Ele se assustou um pouco ao pensar que eu estava associando o movimento do software livre com o movimento de legalização das drogas".
Mas na verdade, este não era o link que Gil estava destacando. Ele sugere que o movimento de software livre e a contracultura dos anos 60 tiveram o mesmo objetivo de transformar a cultura de dentro para fora. Gil fala de forma louca, é certo, mas não é nada bobo. Tropicalização, com toda a sua conexão com antropofagia, subversão, e guitarras de rock, são para Gil, "as margens da sociedade brasileira ganhando acesso ao mundo digital. Os impulsos criativos das pessoas se apropriando das ferramentas de produção digital. A inteligência reprimida das periferias brasileiras, da classe média, ganhando acesso à ferramenta potencializadora de inteligência que é o mundo digital".
"We Pledge Allegiance with the Penguin" - Wired - November 2004
Não dá para perder, e logo teremos tradução:
We Pledge Allegiance to the Penguin
We pledge allegiance to the penguin, and the intellectual property regime for which he stands. One nation, under Linux, with free music and open source software for all. Welcome to Brazil!
Wired Issue 12.11 - November 2004
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