Caramba! Comecei este post depois de ver a página de tags do CCMixter, e sacando a boa idéia de visualmente escalar as tags na relação 'tamanho x itens' (inspirada no del.icio.us e nas famosas TechnoratiTags). Aí me toquei da proximidade fonética de "tag" e "taxonomia" (tagsonomia?). Rewinding... primeiro foi o del.icio.us e depois o flickr, e o gmail fez o mesmo mas chamou de "label". E de repente estamos todos "tageando" tudo que passa pelo firefox. O Joho descreve assim os elementos básicos do movimento de socialização da classificação:
"Graças ao del.icio.us e depois o flickr em particular, centenas de milhares de pessoas têm sido introduzidas ao tagueamento "de-baixo-para-cima": Apenas 'taque'(!) uma tag em algo, e este algo ganha um valor social, não apenas individual"
David Weinberger - "The tagging revolution continues..."
O movimento já tem nome: folksonomy, ou gentenomia - neologismo para definir a prática de categorização colaborativa utilizando tags. A criação de metadados (dados sobre dados) através da folksonomia / gentonomia vem a ser a terceira (revolucionária?) via no assunto:
"A definição de metadados tem sido abordada geralmente de duas formas: criação profissional e criação autoral. Em bibliotecas e outras organizações, definir metadados -- primariamente na forma de registros catalográficos -- é tradicionalmente o domínio de profissionais dedicados trabalhando com regras detalhadas e vocabulário complexo. O problema principal com esta abordagem é a escalabilidade, e a impossibilidade de ser utilizada em vastas quantidades de conteúdo sendo produzidas e acessadas, especialmente no caso da web."
Adam Mathes - "Folksonomies - Cooperative Classification and Communication Through Shared Metadata"
Mas é o próprio Weinberger que linka para uma imperdível blogada da Shelley 'Burningbird' apresentando uma outra visão ao tema:
"Acredito que o interesse em folksonomias desaparecerá da mesma forma que a maioria dos memes, que são interessantes como brincadeira. Eventualmente estamos interessados em projetos que não racham, lascam, ou tropeçam no dia do lançamento.
... não importa quantos truques se criem com esta coisa de tags, você só pode retirar daí a quantidade de conteúdo que foi colocado.
... a web semâmtica será construída "pelas pessoas", mas não será construída no caos. Em outras palavras, 100 macacos digitando por tempo indeterminado NÃO irão escrever Shakespeare; e nem 100 milhões de pessoas formando associações de forma randômica irão criar a web semântica".
in Joho - "Burningbird on why tagging can't violate the Second Law of Thermodynamics"
Nem tão lá, nem tão cá. Em frente a tanta especulação sobre o futuro de algo que surgiu agora (mês passado, ou meio século/web atrás), em termos práticos tenho a dizer que me importo fundamentalmente com a autoridade de quem está por trás das tags. Não deixo de valorizar a reputação e autoridades coletivas, mas no contexto da busca de informação, valorizo mais quando tenho a condição de saber e escolher "quem tagueou", ou conceituou. Isto nos remete à questão da identidade, autoridade e reputação na rede -- de novo. Mas a conversa continua.
Bônus links: Delicious Mind Map Maker, (para visualizar suas tags em MindMap), e Delicious Tag Stemmer (para debugar sua lista de tags).
|