Foi nesta sexta-feira treze, dia em que finalmente parou de chover em Brasília após dilúvios sem fim, que Sérgio Amadeu (Diretor-Presidente do ITI/PR) e sua turma (cada vez maior e mais eclética) ocuparam o auditório do Ministério da Saúde para mais uma rodada de atualização e troca de informações sobre o andamento da implementação do software livre no governo federal.
Carlinhos Cecconi, o chefe de gabinete, fotógrafo, mestre de cerimônias, contra-regra, e etc., apresentou os novos sites que viabilizarão a estratégia:
- o Colaborar - ambiente apropriado para o desenvolvimento colaborativo de códigos
em software livre (baseado no GForge), que seria o "elo de ligação entre desenvolvedores, gestores públicos, organizações públicas e sociedade, e reúne informações de interesse dessa comunidade"; e - o Interagir - plataforma de escrita colaborativa (em Twiki) que implementa um gerenciador de documentação, base de conhecimento, grupo de discussão, e espaço para o debate e desenvolvimento de projetos.
Cecconi também apresentou as licenças traduzidas CC-GNU GPL e CC-GNU LGPL (Menor) desenvolvidas em parceria com a Creative Commons de Lawerence Lessig. Isto significa que o Brasil é o primeiro país a traduzir a GPL para implementação efetiva e válida em território nacional. Sérgio Amadeu ressaltou a importância dos desenvolvedores já começarem a utilizar a licença mediante registro, principalmente neste início de processo, para garantir, fortalecer e divulgar a proposta.
Entre apresentações sobre o desenvolvimento de um kernel seguro
(auditado) para as distros (de governo ou não) pela ABIN (junto com a GSI e o ITI), e relatos sobre processos de migração total para software livre
nos ministérios, ainda houve tempo para Claudio ("sem tesão não há inclusão") Prado (MinC)
dar o recado cultural:
"...tudo começou com um hippie maluco que ficou puto com um código fechado que não lhe atendia, e que resolveu criar toda essa bendita confusão. Imaginem, um hippie derrubando o homem mais rico do mundo! (Bill?!)"
E a revolução não fica só na esplanada (é também é nas pontas): Amadeu apresentou vídeo significativo que documenta uma visita a Solenópoles (CE), cidade onde atualmente os únicos assalariados são os funcionários da prefeitura e aposentados. O prefeito, analista de sistemas aposentado, informatizou (com linux e open office) e implantou redes wireless para atender a todo o processo administrativo da cidade.
Agora ele quer doações de velhos computadores para colocar Solenopoles no circuito do mercado de "call-centers", tranformando a cidade em polo de empregos de TI no sertão cearense(!). O prefeito fez questão de destacar que a única circunstância que ainda o obriga a utilizar softwares proprietários em Solenopoles é a conexão com sistemas do governo federal, como o Datasus, etc.
Como diz Amadeu: "isto é que é reserva de mercado". Mas vai acabar.
Em tempo: O prof. Wagner Meira (UFMG) "castigou" o tal estudo da USP que aponta que o Windows seria 11.2% mais barato que o software livre em termos de TCO (Total Cost of Ownership). Foi demonstrado que a USP tem um "dever de casa" a fazer em relação ao tal estudo.
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